sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Rio Ganges



Rio Ganges  é um dos principais rios do subcontinente Indiano, e um dos vinte maiores do mundo em fluxo de água.

Desde muito tempo é considerado um rio sagrado para os hindus, que o veneram na forma da deusa Ganga, e também possui um grande valor histórico: diversas capitais de províncias ou impérios, como Patliputra, Kannauj, Kara, Allahabad, Murshidabad e Calcutá, localizam-se em suas margens, a profundidade média do rio é de 16 m, e a máxima é de 30 m.

Embora diversos cursos de água formem a nascente do Ganges, os seus riachos e suas cinco confluências recebem diferentes ênfases geográficas e culturais. 



Poluição extrema

A poluição do Ganges tem afetado as 400 milhões de pessoas que vivem próximas de suas águas.

Desde a última década de 90 e especialmente nos últimos anos, as condições da água do rio e afluentes têm ficado abaixo das consideradas aceitáveis pela OMS, já que o despejo irregular de esgoto tem aumentado, inclusive a partir de um hospital que atende tuberculosos.

O Ganges foi classificado entre os cinco rios mais poluídos do mundo em 2007, com níveis de coliformes fecais próximo a Varanasi mais de mil vezes superior ao limite oficial do governo indiano. A poluição ameaça não somente os seres humanos, mas também as mais de 140 espécies de peixes, 90 de anfíbios e o golfinho-do-ganges, todos ameaçados de extinção. O Plano de Ação Ganga, uma iniciativa ambiental para limpar o rio, tem sido um grande fracasso até agora, devido à corrupção e à falta de conhecimentos técnicos, falta de um bom planejamento ambiental, crenças e tradições indianas e falta de apoio das autoridades religiosas.



Outro problema é o ritual da cremação dos mortos em suas margens. Dependendo da casta e da situação econômica da família, muitas vezes os corpos não são cremados corretamente e/ou jogados inteiros no rio, contaminando-o. O afluente Yamuna, cuja vida aquática desapareceu, teria recebido US$ 500 milhões em ações de despoluição nos últimos dez anos, segundo o Conselho de Controle de Poluição de Nova Délhi.



Mitologia 



O Rio Ganges (ou Benares) é um dos sete rios sagrados da Índia, cujas águas são formadas pelo degelo das enormes montanhas do Himalaia. Nasce no Tibet, atravessa o norte indiano, desaguando no Oceano Índico. Possui uma ligação muito forte com a cultura e a religião indiana.

É muito importante para a população que vive em suas margens, pois é dele que ela retira a água e os alimentos que consome. Nos períodos das chuvas, as enchentes do rio atingem uma área de mais de 150 quilômetros e com isso proporciona uma ótima fertilização de sua margem, ideal para o plantio de alguns produtos como trigo, arroz, algodão, açucares e vários outros gêneros agrícolas.

O Ganges possui um grande valor espiritual para os adeptos do hinduísmo, que tomam banho nas suas águas, crendo que o rio possui a capacidade de purificá-los de todos os pecados. Pessoas idosas vão ali para morrer, pois se falecem nesse local sagrado, o ciclo de reencarnações termina, ficando livres da Roda de Samsara, conforme prega o hinduísmo.

Nas águas do Ganges, milhões de pessoas fazem o ritual de purificação. Sendo, sem dúvida, um dos maiores centros de peregrinação do mundo, principalmente durante o festival religioso Ardh Kumbh Mela, quando as estradas ficam apinhadas de peregrinos.

Nas margens do Ganges há vários postos de cremação onde os mortos são queimados, ininterruptamente, e as cinzas encontram o destino final em suas águas. As famílias que trazem seus mortos para serem cremados, acreditam que eles serão purificados e se libertarão da servidão material.


Na Índia, a tradição de se banhar no rio Ganges não foi interrompida, apesar de sua crescente poluição. Milhares de devotos banham-se, oram, oferecem velas acesas, bebem sua água e lançam-lhe as cinzas e os ossos de seus entes queridos, cremados nas escadarias (os “ghats”) desse mesmo “rio santo”. Quem não pode pagar a cremação de seus familiares, joga os corpos no rio ou os deixa apodrecer nas margens. E muitas mães afogam seus filhos recém-nascidos, principalmente meninas, como sacrifício aos deuses (embora alguns julguem que seja, para não terem que pagar dote, quando casarem).

O Rio Ganges é um mundo à parte. Nele, pessoas lavam roupas, tomam banho, escovam os dentes, assim como vacas podem ser vistas, mortas ou vivas, dentro de suas águas. Além disso,águas de enxurradas vindas das ruas cheias de cocô de humanos, de vacas, de porcos, de cachorro e outros animais são despejadas no rio. Somente na cidade de Varanasi existem 32 saídas de esgoto para o Ganges, o que torna as peregrinações muito perigosas.

A Organização Mundial de Saúde vem estudando uma forma de despoluir esse rio, que é a principal causa da mortalidade infantil na região. Mesmo assim, é impossível não notar os rostos felizes, cheios de paz e espiritualidade que emergem de suas águas. Sendo inútil qualquer tentativa de proibir que bebam dessas mesmas águas e que se evite levar garrafas cheias com a “água sagrada” para casa, para supostos tratamentos.

Os fiéis caminham quilômetros para descer até o Ganges e esperam pacientemente sua vez, para lavar nele seus pecados, nos poucos metros de faixa de água habilitados para esse ritual. Os fiéis são liderados por sadhus, homens considerados sagrados, que cobrem o corpo de cinzas e correm nus para o rio, usando apenas guirlandas de flores.

Curiosidades:

  • A cena de imensas fogueiras para cremar os corpos dos mortos repete-se todos os dias.
  • As mulheres estão proibidas de assistirem às cerimônias de cremação porque, ao chorar, impedem que a alma vá para o Nirvana.
  • Antes de serem cremados, os corpos são lavados nas águas do rio, depois colocados para escorrer o excesso de água.
  • É comum ver famílias tirando fotos ao lado do morto na sua pira crematória.
  • O parente, que acende a fogueira, tem a cabeça toda raspada em sinal de luto. Ao final da cremação todos os familiares presentes deverão tomar um banho no rio.
  • Não são cremados: bebês, crianças de até 5 anos de idade, brâmanes, mulheres grávidas, sadhus, iogues, pessoas que morreram picadas por cobras, vítimas de hanseníase ou varíola e animais. São amarrados a uma pedra e jogados no fundo do rio. Muitas vezes os cadáveres desprendem das pedras e voltam à superfície, sendo muitos corpos devorados por animais.
  • Quando o rio está com baixo volume de água, o “ghat” fica com três níveis: inferior, médio e superior. As cremações, então, ocorrem por castas. A casta inferior é cremada no nível mais baixo do solo e a casta mais alta no nível mais alto.
  • A madeira usada para a cremação nas castas mais altas é o sândalo.

  • Homens são enrolados em tecido branco, mulheres em vermelho, idosos em roxo.
  • A casta mais alta tem um forno especial.
  • Na beirada do rio ficam muitos garimpeiros, peneirando as cinzas na tentativa de achar alguma joia que tenha sido esquecida pela família do morto.
  • O crematório ou “burning ghat” funciona dia e noite e os corpos chegam o tempo todo e de toda maneira.
  • Um pequeno caminhão leva um funcionário com uma vara, que vai cutucando as pessoas deitadas no período de peregrinações. Não havendo movimentos por parte dessas, são carregadas como supostamente mortas.
  • Os intocáveis só podem vestir roupas dos mortos.
  • Os ossos da bacia feminina e do peito masculino não queimam completamente, sendo os restos jogados no Ganges.



"No Rio Ganges, a vida e a morte andam de mãos dadas, numa permanente festa".




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